Wednesday, February 23, 2011

O Jazz Morreu ? Viva o Jazz By Augusto César Costa

O Jazz Morreu? Viva o Jazz

Tudo partiu da leitura da notícia que avisava o fechamento de uma loja no Rio de Janeiro: a Modern Sound, mais que uma loja de discos, um centro de convivência musical, um oásis de jazz com mais de 40 anos de bons serviços em meio ao balacobaco funkeado carioca. No clima de despedida da Modern Sound voltou à baila a história da morte do jazz. Conversa velha, sempre desmentida. Não existe gênero musical que tenha sido mais vitalizado e renovado que o jazz. Morte sempre esteve nas pautas. E solidão, tristeza, dor de corno, a fenomenologia humana brochante enfim. Quebrando as notas blues veio a rebeldia do bebop, inventado pelos caras que saíram do exército. Em paralelo, esfriando o clima, veio o romantismo West Coast, e quando parecia que o jazz ia morrer, aconteceu a transfusão salvadora de ritmos e melodias, sobretudo de Cuba e do Brasil.

Dos anos 1990 em diante começou a se definir uma tendência anunciada bem antes por monstros sagrados como Monk, Bill Evans, Coltrane, Miles. Virou linha mestra do jazz contemporâneo, privilegiando as lições de melodias e harmonias dos compositores eruditos impressionistas, bebendo mais uma vez nas fontes latinas, deixando em segundo plano o jazz dos norte-americanos. Os artistas que hoje conduzem o espetáculo são europeus, alguns franceses e ingleses, alguns nórdicos, mas a maioria é mesmo de italianos. Não é à tôa que o octogenário Lee Konitz revisa sua obra com o trio de Piero Frassi depois de ter partilhado o palco com Riccardo Arrighini e até o noviço da Philology, Alessandro Lanzoni. Antes, Pieranunzi, Petrucciani, Franco D'Andrea, Dado Moroni, já haviam aberto novas e surpreendentes veredas líricas. Agora as estrelas mais destacadas são Stefano Bollani, Paolo Paliaga, Arrighini, Luca Mannutza, Enrico Rava, Alessandro Bravo, Andrea Pozza, Danilo Rea, Fausto Ferraiuolo, o quase infante Francesco Cafiso emulando Charlie Parker, Giovanni Mirabassi, Marcello Tonolo, Paolo Di Sabatino, Max Ionata, a surpreendente sax alto francesa Gèraldine Laurent, Baptiste Trotignon, Paola Arnesano fazendo a releitura do songbook de Sting, os portugueses Nuno Campos e Bernardo Sassetti, Florian Ross, o inglês Gwilym Simcock, o veterano Marc Copland, o mestre da bateria Bill Stewart, o dinamarquês Jesper Bodilsen,o pianista romeno Marian Petrescu, o guitarrista sueco Andreas Öberg, o mestre inglês John Taylor, as novas estrelas do piano Tamir Hendelman, Aaron Goldberg e Yaron Herman. A lista, eis a boa notícia, não tem fim.
Em 2010, a síntese desse novo ressurgimento do jazz pode ser simbolizada no trio liderado pelo pianista italiano Vincenzo Danise. Feche a página do World of Jazz, vá até Travessias seguindo o link http://accosta.posterous.com/ e ouça "Immaginando un trio". Você vai concordar que os rumores sobre a morte do jazz são completamente infundados.
Augusto César Costa
http://accosta.posterous.com/

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