Friday, December 30, 2016

MY FRIENDS PICK - TOP 10 JAZZ CD's - 2016

By Mr. Márcio Távora

Com relativo atraso, estava viajando, eis o que melhor ouví em 2016:
- CD's:
01) STEVE KUHN (2015) – AT THIS TIME...
02) JOEY ALEXANDER (2016) - COUNTDOWN
03) SARAH VAUGHAN (1978) - LIVE AT ROSY’S
04) MICHEL LEGRAND (2015) - MICHEL LEGRAND ET SES AMIS
05) PETE JOLLY (1965) - TOO MUCH, BABY!
06) HERB ALPERT (1969) - WARM
- DVD's:
01) MARCOS VALLE & STACEY KENT (2014) - LIVE AT BIRDLAND, NEW YORK CITY
02) CESAR CAMARGO MARIANO (2016) – JOINED
- BLURAY's:
01) BURT BACHARACH (2015) - A LIFE IN SONG
02) NATALIE DESSAY & MICHEL LEGRAND (2014) - ENTRE ELLE ET LUI (LIVE AT THE CHATEAU DE VERSAILLES
03) TOOTS THIELEMANS (2012) - LIVE AT LE CHAPITEAU OPÈRA DE LIÈGE

Um feliz 2017 para todos os Jazzistas.
Márcio Távora


By Dr. Marcílio Adjadre, M.D.

Melhores CD 2016:
- Passaggio al Bosco - Andrea Garibaldi Trio
- Paquito D'Rivera Plays the Music of Armando Manzanero - Paquito e Manzanero
- Breathe Out - Emil Brandqvist Trio
- Book of Intuition - Kenny Barron Trio
- Little Magic - Michele Polga
- Influencias - Tomás Fraga
- Countdown - Joey Alexander
- At This time... - Steve Kuhn
- TrioKàla - Rita Marcotulli
- Afro Blue - Harold Mabern


By Mr. Claudio Botelho

Caríssimos amigos Jazzistas,
Eis, em primeiríssima mão, minha lista provisória dos melhores deste ano. Como sempre gosto de lembrar-lhes, o critério único é o da emoção, o do gostar de ouvir repetidamente, o de me encantar e me tirar da realidade da vida.
No correr dos próximos dias e até a primeira semana de 2.017, posso fazer correções, até mesmo por influência das listas que virão, pois, dentre tanta coisa que ouvi, fica difícil ter uma certeza muito firme de que as escolhas não embutiram alguma injustiça comigo mesmo, ou seja: pode ter faltado alguém que, por direito delegado por mérito próprio, deveria estar junto aos demais.
Eis a dita cuja, então;

01- STEVE KUHN - AT THIS TIME.
Indiscutível a vantagem deste sobre o segundo colocado (não sei qual é). Trabalho de impressionante unicidade e garra! Seguramente, minha avaliação sobre esse CD está acima da que os demais amigos farão, eis que, fã incondicional de uma percussão brilhante, vi, nesse esforço, uma performance vogorosíssima de Joey Barron, um dos bateristas que mais gosto. Como todo trabalho de SK, este reúne um impressionante "impressionismo", coisa que, também, muito me agrada, pois aprecio grandes contrastes e realismo. Nesse departamento, esse CD exagera! Nota mil!
02- THE IMPOSSIBLE GENTLEMAN - LET'S GET DELUXE.
Á primeira vista, este CD parece roqueiro demais e, para os menos atentos, pode até ser descartado antes mesmo de chegar a seu final. No entanto, ouvindo-o com mais vagar, vão surgindo detalhes de grande sofisticação. Aqui, tem-se, também, um grupo de notável coesão. Desse modo, para que possa ser devidamente aquilatado, precisa ser ouvido por pelo menos três vezes e nunca com os sentidos voltados para outra coisa qualquer.
03- KENNY BARRON - THE BOOK OF INTUITION.
Barron retornando aos seu melhores dias. Deixou a preguiça de lado, escolheu um ótimo repertório, onde pontificam excelentes composições próprias, além de algumas de Monk, um dos meus compositores favoritos, e de outros medalhões da composição. Não acho que os que o acompanham estejam em seu mesmo nível, embora o conjunto exiba um bom entrosamento. A lamentar PROFUNDAMENTE a má qualidade da gravação do piano (ou a qualidade ruim do dito cujo). Observo que os demais estão bem gravados. Assim, esse trabalho foi bem e mal capturado ao mesmo tempo. O engenheiro de gravação resolveu sacanear justamente com o líder. É uma pena, pois essas coisas me desagradam bastante, ao ponto de me influenciar na avaliação geral do trabalho (infelizmente)...
04- JACOB CHRISTOFFERSEN TRIO - FACING THE SUN.
Pianista meio relegado a segundo plano, mas muitíssimo articulado e dinâmico. CD que se ouve rapidim, de uma levada só. Do tipo "levanta defunto". Gravação ótima, bem harmonizada com a eletrizante performance.
05- JOHN BEASLEY - MONKESTRA VOL. 1.
Sou suspeitíssimo em avaliar qualquer coisa associada a Monk. No entanto, vi, nesse trabalho, uma apresentação de muita originalidade, com arranjos que aproveitam bem a multiplicidade de instrumentos de uma orquestra, com uma levada em vários planos muitas vezes e, muito importante, sem cair na tentação de produzir aquele tipo de estridência que costuma afastar os "clientes". Aqui e ali, faz mais barulho do que precisaria, mais no geral, nota-se que JB não intencionou se esconder atrás disso. Aqui, no plano dos arranjos, tem-se uma espécie de "Os Cariocas, as opposed to 'MPB4'"
06- MARIO NAPPI TRIO - INTRODUCING.
Gente nova, com ideias novas. Trabalho complexo que, certamente, demandou muito esforço. O tipo de obra que, a meu ver, estabelece um nível de qualidade que eles mesmos terão dificuldades de igualar no futuro. Nos resta, então, aproveitar...Em tempo: trata-se de um trio.
07- JOEY ALEXANDER - COUNTDOWN.
Esse CD me deu muito trabalho! Ouvi-o pelo menos SETE VEZES, de ponta a ponta, procurando o mesmo nível de emoção que encontrei no anterior. Não fui capaz de achar, tenho que admitir. Isso é impressionante, pois um ano a mais na sua faixa etária, acrescido à sua agenda bastante movimentada deste ano, seguramente lhe trouxeram mais bagagem, mas, pelo visto, lhe tiraram a espontaneidade.Percebi algumas hesitações no conjunto do trabalho. O CD é bom, senão não estaria aqui, mas, no meu sentir, sem dúvidas, o anterior é mais harmônico, mais inspirado e possuidor de um repertório de mais qualidade. Ou seja: é tudo que não poderia ser na comparação com o atual. No entanto, fazer o que?
08- ANDRÉ CECCARELLI/JEAN-MICHEL PILC/THOMAS BRAMERIE - 20 -TWENTY.
JMP tem uma característica, desenvolvida de alguns anos para cá, que torna suas interpretações meio quebradiças, serrilhadas. Deve ser fã de Franco D'andrea, que é um expoente nesse departamento. Muitas vezes, esse estilo tira um pouco a atenção da performance, até porque fica um tanto difícil seguir suas ideias. Eu gostava mais dele no início de sua carreira. No entanto, aqui, sem que ele tenha mudado seu estilo, ficou mais fácil segui-lo, até mesmo porque se dedicou a interpretar conhecidos standards. Nesse aspecto, o repertório é filé. De quebra, emoldurando tudo, o pequeno-grande Ceccarelli e sua poderosa bateria. Aí, me vendo fácil...
09- FABIO GIACHINO - BALANCING DREAMS.
Pianista novo e muito articulado. Pesado mesmo. Mais um da inesgotável safra italiana. Aqui, em trabalho solo muito bom.
10- AARON DIEHL - SPACE TIME CONTINUUM.
Comprei com um pé atrás, pois fui induzido por informações da imprensa americana. Um cara com um nome desses, pensei, não pode tocar mal... Devo dizer, no entanto, que o outro trabalho que tenho dele é fraquíssimo. Insípido, inodoro e incolor. Mas, com um nome desses, certamente ocorreu algum acidente ali. Muito bem. Nesse novo trabalho, seu trio foi acrescido de alguns grandes sopradores, entre eles o octogenário Benny Golson. Tinha tudo para ser pior que o anterior (pelo menos para mim, que sempre acho que estes são estridentes e dominadores, deixando o piano em segundo plano - o que é um crime!). Mas não é que eu quebrei a cara? O CD é daqueles que você ouve de uma tacada só, exibindo algumas faixas de trio, outras de quarteto e outras de quinteto. Os arranjos são muito precisos e os sopradores não ficam donos do pedaço. Muito bem arranjado. E digo mais: a maioria das músicas são dele! muito boa pedida!

OUTRAS ESCOLHAS
11- BILL CHARLAP TRIO - NOTES FROM NEW YORK.
Voltou aos tempos do início de sua carreira, quando apresentava maior dexteridade. O CD, como o do KB, o traz de volta à terra, após longas explorações desencontradas e, em certos casos, caça-níqueis, me parece. É um disco agradável de se ouvir, sem grandes arroubos no geral. Muita finesse, sendo bastante aconselhável para quem não quer suar na audição. No entanto, longe, muito longe mesmo de ser o melhor do ano, como deseja a DB.
10- EDWARD SIMON - LATIN AMERICAN SONGBOOK.
Muito interessante. Recomendado indistintamente para todos. Só não entendi bem o que "Chega de Saudades" está fazendo aqui, pois o trabalho tem um tom mais tendente ao tango do que ao samba. Outras músicas do Tom poderiam ter sido escolhidas sem toldar o mood do trabalho. Mas, este é apenas um pequeno senão. Outro pecadilho: o piano é um Fazioli. Não me convence como alternativa ao Steinway... Gosto bastante do Adam Cruz (baterista).
É isso aí.
Feliz ano novo!!!
Claudio.


By Dr. Carlos Couto 

OS MELHORES DE 2016 CD’s:

1. Gustavo Baião - Canções de Gilson Peranzeta
2. Trio da Paz - 30 anos
3. Cecile McLorin Sauvant - For One to Love
4. Bradford Marsalis Quartet & Kurt Eling - Upward Spiral
5. Steve Kuhn - At This Time
6. Sonia Rubinsky – Villa Lobos - Piano Music - Ciclo Brasileiro / Suite Floral Chôros nº 1, 2 and 5
7. Ricardo Silveira - Jeri
8. Eliane Elias – Made In Brasil
9. Steve Smith & Vital Information – NYC Edition
10.
Paquito D’Rivera & Arturo Sandoval – Reunion


By Dr. Leandro Lage Rocha, M.D.


MELHORES DE 2016:
1. STEVE KUHN - At this time
2. GUSTAVO BAIÃO - Canções de Gilson Peranzzetta
3. RICARDO SILVEIRA - Jeri
4. FELIPE RIVEROS TRIO - Bootlegs
5. GABRIEL GROSSI E FÉLIX JÚNIOR - A Música de Hermeto e Guinga
6. BILL CHARLAP TRIO - Notes from New York
7. ZÉ MANOEL - Canção e Silêncio
8. ANAT COHEN & MARCELLO GONÇALVES - Outra Coisa-The Music of Moacir Santos
9. BIANCA GISMONTI TRIO - Primeiro céu
10. FRANCISCO LO VUOLO - Segment

11. CECILE McLORIN SAUVANT - For One To Love
DESTAQUES:
1. FRAGA-PASQUINI-SIMAN - George and Duke
2. LIVIA E ARTHUR NESTROVSKY - Pós você e eu
3. GUINGA, ZÉ RENATO, JARDS MACALÉ E MOACYR LUZ - Dobrando a Carioca
4. CLAUDIO FILIPPINI TRIO - Squaring the Circle
5. RAQUEL SARACENI - O tempo me guardou você

Thursday, December 29, 2016

WORLDJAZZ TOP 10 - 2016

WORLDJAZZ TOP 10 - 2016

Best Jazz 2016 by WORLDJAZZ

Jazz Record of 2016
- Joey Alexander - Countdown

Top 10(9) Jazz Records of 2016
- Ricardo Silveira: Jeri - Quarteto Ao Vivo
- Gregory Porter: Take Me To The Alley
- Kenny Barron Trio: Book Of Intuition
- Bill Charlap Trio: Notes From New York
- The Fred Hersch Trio: Sunday Night At The Vanguard
- Steve Kuhn Trio: At This Time
- Stanley Cowell: Reminiscent
- Bianca Gismonti Trio: Primeiro Céu
- Stefano Battaglia Trio: In The Morning

Artiste du Jazz 2016
Joey Alexander

Sunday, December 18, 2016

2 Sem 2016 - Part Nine

Branford Marsalis Quartet/Special Guest Kurt Elling
Upward Spiral




By Christopher Loudon at JazzTimes
How did one of the best and most important jazz bands around—saxophonist Branford Marsalis, pianist Joey Calderazzo, bassist Eric Revis and drummer Justin Faulkner—come to unite with one of the best and most important jazz vocalists? The idea ignited when Marsalis and Kurt Elling met during the 2014 Monk competition. Two years on, immediately prior to a New Orleans recording session, Elling and the quartet shared a weekend engagement at Snug Harbor, finding their collective groove and testing various songs. That Elling becomes fully one with the group—this is truly a quintet album—is evident from the opening moments of “There’s a Boat Dat’s Leavin’ Soon for New York,” its feverish pace finally slowing as he adlibs 90 seconds of wolfish patter oozing with carnal desire.
The span of Upward Spiral’s richly diverse playlist proves as compelling as its sterling musicianship. Standards—a “Blue Gardenia” as fragile as that flower’s petals, a punchy, playful “Doxy,” a gorgeously simmered “Só Tinha de Ser Com Você,” a bruised “Blue Velvet” that, per Elling’s intent, feels haunted—commingle with Sting’s “Practical Arrangement,” Chris Whitley’s “From One Island to Another” and the twilit Fred Hersch heartbreaker “West Virginia Rose.” Additionally, Marsalis brings poet Calvin Forbes’ “Momma Said” to cacophonously angular life, and Elling teams with Marsalis to craft the sage, aching “Cassandra Song,” then with Calderazzo for the closing “The Return (Upward Spiral).” If so brilliantly cohesive an album can have an apex it’s “I’m a Fool to Want You”—Elling alone with Marsalis as they plumb its inky depths, rivaling the emotional wallop of Sinatra’s nadir-defining version.


Aaron Diehl
Space Time Continuum




By Allen Morrison at JazzTimes
On pianist-composer Aaron Diehl’s fourth album as a leader, his choices of both material and sidemen illuminate his recording’s title: The 29-year-old from Columbus, Ohio, creates an environment in which historic and contemporary styles of jazz, as well as the Western classical tradition, are welcome and integrated. While the album is not especially piano-centric, fans of Diehl’s exquisite touch, precise articulation and meticulous arrangements will be richly rewarded.
The six originals on Space Time Continuum reveal the influence of jazz forebears like Ellington, Bud Powell and John Lewis, an early role model to whom Diehl has been compared. Like Lewis, he draws on classical tradition; one is as likely to hear an echo of Rachmaninoff as of Ellington. As a pianist he’s equally eclectic, reminiscent of Ahmad Jamal, Monk—and, occasionally, classical virtuosi.
The stellar sidemen include Diehl trio-mates David Wong on bass and Quincy Davis on drums, occasionally augmented by two legendary players, Benny Golson on tenor saxophone and Joe Temperley on baritone. The brilliant, breathy-toned tenorman Stephen Riley performs on two tracks, as does the exciting young trumpeter Bruce Harris.
Despite the emphasis on originals, one of the album’s high points is the opener, “Uranus,” a spit-and-polish arrangement of the underperformed hard-bop standard by Walter Davis Jr. (recorded by Art Blakey and the Jazz Messengers in 1976); it sparkles in a crisp arrangement, with turn-on-a-dime phrasing. The noir-ish “Organic Consequence” features an eloquent, world-weary Golson solo. “Kat’s Dance,” written by pianist Adam Birnbaum, is a duo with Riley that begins like a jazz version of a Chopin nocturne, and it becomes a lilting setting for Riley to lean into the harmony in a quietly spectacular tenor solo. The frenetic “Broadway Boogie Woogie,” commissioned by New York’s Museum of Modern Art, is an interpretation of the famously busy Mondrian painting.
Overall, a remarkably assured performance.


Stacey Kent
Tenderly




By Christopher Loudon at JazzTimes

Though Stacey Kent was born in the States and has been based in England for almost her entire career, she’s developed deep musical passions for France and Brazil, often singing in perfect French and flawless Portuguese. (It’s worth noting here that Kent received France’s Ordre des Arts et des Lettres in 2009.) Tenderly, Kent’s 11th studio album, harkens back to her salad days before all the multilingual finery, focusing almost exclusively on American standards. Still, she can’t help adding some exquisite Latin flair, having legendary Brazilian guitarist Roberto Menescal as her principal accompanist and including Menescal’s lilting “Agarradinhos” among the dozen tracks.
While Kent’s sessions have always tended to be gentle and pensive, Tenderly’s soft elegance is particularly understated. On “Agarradinhos” and the closing “If I Had You,” Menescal provides sole support. Bassist Jeremy Brown joins him for the balance of the album, with tenor saxophonist Jim Tomlinson (Kent’s husband and longtime producer) tiptoeing in on six tracks. Throughout, Kent’s voice remains one of the most appealing in jazz—so pliant, so enticingly smoke-tinged, so warmly expressive. As the name suggests, tenderness prevails: “The Very Thought of You,” “Embraceable You,” “That’s All,” “There Will Never Be Another You,” “If I’m Lucky” and the title cut are crafted of gossamer and silk. Even “In the Wee Small Hours of the Morning” emerges more ruminative than forlorn. If there’s a standout, it’s “No Moon at All,” with Kent’s reading, alternatively noirish and kittenish, cunningly trimmed by Tomlinson as he switches to alto flute.

Saturday, December 17, 2016

2 Sem 2016 - Part Eight

Doctor 3



By Thomas Conrad
Many jazz musicians now draw on popular culture for repertoire, but no one does it with the melodic grace of Danilo Rea. Sometimes he barely decorates a song, as in "Will You Still Love Me Tomorrow." He hesitates over it, thoughtfully arrays it, and renders its question, its plea, its vulnerability, as universal to the human condition. "Hallelujah," Leonard Cohen's masterpiece, has received many fine interpretations. They now sound like the works of children—the adult version is Rea's. A hush falls over "Hallelujah." He marks out the song almost painfully, one necessary note at a time, as if finding it deep in himself.
Personnel:
Danilo Rea, piano; Enzo Pietropaoli, bass; Fabrizio Sferra, drums
Jando MPR 59 CD (CD). 2014. Fondazione Musica per Roma, prods.; Massimo Aluzzi, eng. DDD? TT: 54:25


Ricardo Silveira
Jeri - Quarteto Ao Vivo



By Arthur Dapieve
Deve-se tocar - artigo de 09/09/2016
CDs instrumentais como os de Ricardo Silveira, Victor Biglione e Heraldo do Monte são essenciais

"..No momento, CDs de outros três guitarristas habitam a bandeja do aparelho de som. O que está lá há mais tempo é “Jeri”, do quarteto de Ricardo Silveira. “Mercosul”, de Victor Biglione, e o novo “Heraldo do Monte” chegaram há pouco. Apesar de serem CDs “de guitarristas” também são muito distintos entre si, assim como são de “O corpo de dentro”, de Rebetez, no qual, como escreveu Silvio Essinger em crítica recente, a guitarra “é apenas uma voz eventual entre outras (...) numa conversa de alto nível”.
Ricardo Silveira se vale da linguagem jazzística. Sua fluência faz até parecer que tocar é fácil. Já Victor Biglione tem uma pegada mais roqueira. No novo CD, com inspiração em gêneros latino-americanos. E Heraldo do Monte temporariamente deixa de lado a guitarra elétrica para tocar violão caipira, um dos seus primeiros instrumentos.
“Jeri” foi gravado ao vivo na 6ª edição do Festival Choro Jazz, realizado na vila de Jericoacoara, Ceará, em 2014, mas só agora foi lançado, de forma independente. O carioca Silveira, de 59 anos, encerrava a turnê comemorativa de três décadas de carreira. Com ele, David Feldman (teclados), Guto Wirtti (contrabaixo) e Di Stéffano (bateria).
A conjugação entre a informalidade do local e o estilo enganosamente despojado de Silveira foi capturada em “Jeri”. Desce fácil. Além do único disco da Banda Zil e das inúmeras participações em trabalhos alheios, Silveira gravou nove álbuns, iniciados pelo apropriadamente batizado “Bom de tocar” (1984). Esses álbuns criaram um sólido repertório, como “Tango carioca” e “Pepê”, presentes no novo CD, que tem jeitinho de antologia. Se alguém aí nunca ouviu Silveira, “Jeri” é bom lugar para começar."


Di Stéffano
Recomeço




By Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
Em fevereiro de 2015 comentei o então segundo CD do baterista Di Stéffano e agora, mais de um ano depois, tenho nas mãos o seu terceiro álbum: Recomeço (independente). Tomo a liberdade de citar livremente alguns trechos daquela resenha.
“Prezados leitores e leitoras, hoje vou lhes falar de um CD instrumental – o trabalho do baterista, compositor e produtor musical Di Stéffano Wolff Bazilio. Ajustando acordes, abusando de elogiáveis dinâmicas, a bateria permite uma melhor liga entre o som de suas peças e o som dos outros instrumentos. A bateria de Di Stéffano age como se fosse um instrumento de harmonia, suas baquetas “tocam” os melhores acordes e assim melhor patenteiam as músicas. Harmoniosos, seus arranjos misturam os timbres e lhes dão equilíbrio.”
Que prazerosa surpresa, meu Deus! A bateria de Di Stéffano está ainda mais harmonizadora, expandindo substancialmente o dom de entremear instrumentos, liberando-os para solos e improvisos. Consciente de seu talento, dividindo compassos com a mestria de um hábil improvisador, sua bateria sabe que, se tocar é preciso, harmonizar é fundamental.
Di Stéffano é um baterista nato. Daqueles que, imagino, pegava panelas na cozinha de casa para tirar seus sons; daqueles para quem não existe ruído impertinente, mas sim música vinda do corpo ou de qualquer objeto, com textura, peso ou tamanho díspares.
Recomeço traz novamente à cena o Di Stéffano compositor e arranjador. São onze temas de sua autoria e três em parcerias diversas. Para gravá-los, contou com o talento do músico, pianista e engenheiro de som David Feldman que, além de mixar e masterizar todo o disco, tocou piano na maior parte das músicas.
Num belo trabalho gráfico de Cleiton Martorano, capa, contracapa e encarte embalam o álbum para presente natalino.
Ouço as músicas ganharem vida pelo toque dos instrumentistas que as interpretam: “Nicolas” (Di Stéffano) abre a tampa. Composta em homenagem ao filho, o tema tem presença marcante da bateria de Di Stéffano, da guitarra (Daniel Santiago) e do sax soprano do moçambicano Ivan Mazuze. Os três se desdobram para fazer do tema um divertimento tão solar quanto a criança que brinca sob a brisa do oceano.
“Velhos Amigos” (Di Stéffano e Eduardo Taufic) fecha a tampa. Tendo o baixo acústico a costurar o tema, enquanto a bateria de Di Stéffano une a todos, o flugel (Jessé Sadoc) leva a introdução até entregá-la ao piano (Eduardo Taufic), que chega para tocar um belo intermezzo. O baixo firma o chão, enquanto a bateria trisca o prato, seguindo o seu destino de a todos harmonizar.
Após muito ouvi-lo, concluída a audição de Recomeço, me vem à cabeça lhes dizer algo mais, paciente leitora, estimado leitor: um CD como este tem de estar em qualquer cedeteca que se preze… dito isso, ouso pedir para que se permita surpreender com a sonoridade instrumental que lá está – ela é coisa para se ter sempre por perto, para a ela recorrer em momentos de serena maturidade.