Saturday, December 17, 2016

2 Sem 2016 - Part Eight

Doctor 3



By Thomas Conrad
Many jazz musicians now draw on popular culture for repertoire, but no one does it with the melodic grace of Danilo Rea. Sometimes he barely decorates a song, as in "Will You Still Love Me Tomorrow." He hesitates over it, thoughtfully arrays it, and renders its question, its plea, its vulnerability, as universal to the human condition. "Hallelujah," Leonard Cohen's masterpiece, has received many fine interpretations. They now sound like the works of children—the adult version is Rea's. A hush falls over "Hallelujah." He marks out the song almost painfully, one necessary note at a time, as if finding it deep in himself.
Personnel:
Danilo Rea, piano; Enzo Pietropaoli, bass; Fabrizio Sferra, drums
Jando MPR 59 CD (CD). 2014. Fondazione Musica per Roma, prods.; Massimo Aluzzi, eng. DDD? TT: 54:25


Ricardo Silveira
Jeri - Quarteto Ao Vivo



By Arthur Dapieve
Deve-se tocar - artigo de 09/09/2016
CDs instrumentais como os de Ricardo Silveira, Victor Biglione e Heraldo do Monte são essenciais

"..No momento, CDs de outros três guitarristas habitam a bandeja do aparelho de som. O que está lá há mais tempo é “Jeri”, do quarteto de Ricardo Silveira. “Mercosul”, de Victor Biglione, e o novo “Heraldo do Monte” chegaram há pouco. Apesar de serem CDs “de guitarristas” também são muito distintos entre si, assim como são de “O corpo de dentro”, de Rebetez, no qual, como escreveu Silvio Essinger em crítica recente, a guitarra “é apenas uma voz eventual entre outras (...) numa conversa de alto nível”.
Ricardo Silveira se vale da linguagem jazzística. Sua fluência faz até parecer que tocar é fácil. Já Victor Biglione tem uma pegada mais roqueira. No novo CD, com inspiração em gêneros latino-americanos. E Heraldo do Monte temporariamente deixa de lado a guitarra elétrica para tocar violão caipira, um dos seus primeiros instrumentos.
“Jeri” foi gravado ao vivo na 6ª edição do Festival Choro Jazz, realizado na vila de Jericoacoara, Ceará, em 2014, mas só agora foi lançado, de forma independente. O carioca Silveira, de 59 anos, encerrava a turnê comemorativa de três décadas de carreira. Com ele, David Feldman (teclados), Guto Wirtti (contrabaixo) e Di Stéffano (bateria).
A conjugação entre a informalidade do local e o estilo enganosamente despojado de Silveira foi capturada em “Jeri”. Desce fácil. Além do único disco da Banda Zil e das inúmeras participações em trabalhos alheios, Silveira gravou nove álbuns, iniciados pelo apropriadamente batizado “Bom de tocar” (1984). Esses álbuns criaram um sólido repertório, como “Tango carioca” e “Pepê”, presentes no novo CD, que tem jeitinho de antologia. Se alguém aí nunca ouviu Silveira, “Jeri” é bom lugar para começar."


Di Stéffano
Recomeço




By Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
Em fevereiro de 2015 comentei o então segundo CD do baterista Di Stéffano e agora, mais de um ano depois, tenho nas mãos o seu terceiro álbum: Recomeço (independente). Tomo a liberdade de citar livremente alguns trechos daquela resenha.
“Prezados leitores e leitoras, hoje vou lhes falar de um CD instrumental – o trabalho do baterista, compositor e produtor musical Di Stéffano Wolff Bazilio. Ajustando acordes, abusando de elogiáveis dinâmicas, a bateria permite uma melhor liga entre o som de suas peças e o som dos outros instrumentos. A bateria de Di Stéffano age como se fosse um instrumento de harmonia, suas baquetas “tocam” os melhores acordes e assim melhor patenteiam as músicas. Harmoniosos, seus arranjos misturam os timbres e lhes dão equilíbrio.”
Que prazerosa surpresa, meu Deus! A bateria de Di Stéffano está ainda mais harmonizadora, expandindo substancialmente o dom de entremear instrumentos, liberando-os para solos e improvisos. Consciente de seu talento, dividindo compassos com a mestria de um hábil improvisador, sua bateria sabe que, se tocar é preciso, harmonizar é fundamental.
Di Stéffano é um baterista nato. Daqueles que, imagino, pegava panelas na cozinha de casa para tirar seus sons; daqueles para quem não existe ruído impertinente, mas sim música vinda do corpo ou de qualquer objeto, com textura, peso ou tamanho díspares.
Recomeço traz novamente à cena o Di Stéffano compositor e arranjador. São onze temas de sua autoria e três em parcerias diversas. Para gravá-los, contou com o talento do músico, pianista e engenheiro de som David Feldman que, além de mixar e masterizar todo o disco, tocou piano na maior parte das músicas.
Num belo trabalho gráfico de Cleiton Martorano, capa, contracapa e encarte embalam o álbum para presente natalino.
Ouço as músicas ganharem vida pelo toque dos instrumentistas que as interpretam: “Nicolas” (Di Stéffano) abre a tampa. Composta em homenagem ao filho, o tema tem presença marcante da bateria de Di Stéffano, da guitarra (Daniel Santiago) e do sax soprano do moçambicano Ivan Mazuze. Os três se desdobram para fazer do tema um divertimento tão solar quanto a criança que brinca sob a brisa do oceano.
“Velhos Amigos” (Di Stéffano e Eduardo Taufic) fecha a tampa. Tendo o baixo acústico a costurar o tema, enquanto a bateria de Di Stéffano une a todos, o flugel (Jessé Sadoc) leva a introdução até entregá-la ao piano (Eduardo Taufic), que chega para tocar um belo intermezzo. O baixo firma o chão, enquanto a bateria trisca o prato, seguindo o seu destino de a todos harmonizar.
Após muito ouvi-lo, concluída a audição de Recomeço, me vem à cabeça lhes dizer algo mais, paciente leitora, estimado leitor: um CD como este tem de estar em qualquer cedeteca que se preze… dito isso, ouso pedir para que se permita surpreender com a sonoridade instrumental que lá está – ela é coisa para se ter sempre por perto, para a ela recorrer em momentos de serena maturidade.

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